------- a coisa-em-mim -------

desaforismos. fábulas sem moral. egotrips. brainstorms.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

terra.

e se a porteira está mesmo tão aberta e a estrada é assim tão longa e direta até o abismo porque não sai e não corre e não vai logo porque não dar o salto ou porque não chutar logo a pedra no meio do caminho e porque não dar logo o tiro no espantalho que é o embuste a falsidade e porque não dar crédito aos que dizem porque não? porque calçar sapatos fechados e esperar que o tempo abra e adiar para a segunda ou começar só em janeiro e esperar o décimo terceiro projetar o tempo feliz que em mente é sempre o auge e por isso o derradeiro? porque se agarrar à porteira porque a porteira é a única certeza porque é onde se está e não onde se quer chegar e onde se quer chegar nem sempre é o lugar onde os pés já repousam autônomos cansados, recusando-se a caminhar. e os que caminham em volta das praças dando 10 15 20 voltas no sentido horário as roupas de ginástica apertadas o cachorro ofegante são os velhos dando a volta ao mundo que tem como centro um pequeno coreto onde eles querem chegar? acho estúpido como acho estúpida a [minha, sua] mente obsessiva com caminhos e com o tempo e com destino e com chegada e que não presta atenção no maldito percurso no processo que é o único reduto a única morada para de querer finalidade para de buscar sentido para de querer descanso para de desejo de nada e pega a bicicleta o pé descalço e mesmo pendurada de medo na porteira que é o seu ponto preciso no espaço tenta traçar um mapa absurdo um jogo da amarelinha vira o pé corta e sangra os tornozelos e sente a dor sente que é humana e que é mesmo assim e pronto e é feliz simplesmente porque é vermelho.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial