------- a coisa-em-mim -------

desaforismos. fábulas sem moral. egotrips. brainstorms.

quarta-feira, novembro 07, 2007

frag_____to

[On]
Estou tentando abrir um túnel na rocha bruta. Eu sei, sei que é penoso. Mas qual é a busca que em si mesma não traga sua pena? *

[On]
Confesso que nunca entendi o que se faz por aí: nos ônibus, nos bancos, nas filas, nas salas. Confesso que sempre fingi saber, que sempre fingi todo o meu interesse. O que se vê por aí correndo no céu e nadando nos ares é sempre aquela frustrante sensação de se afogar, mesmo no alto da mais alta montanha.

[On]
Nas vitrines que me vêem passar, eu retribuo o olhar e miro a efemeridade ambulante que sou, a transitar pelas ruas, ruelas e alamedas de uma metrópole caduca considerada moderna. Aqui as pessoas chupam o cão que o diabo amassou pela falta mesma de manga e de pão. Estes milhões de pessoas que não têm necessidade alguma de se conhecer, ostentam de modo tão semelhante a educação o ofício a velhice o soslaio...

[Off ]
Na escada, olha pr'os duros pés, os sapatos sujos de lama. Levanta-se e propositalmente suja de um extremo a outro, o corredor. O olhar, sujo de sono e torpor, é ofertado tão-somente ao chão. Mas e ela? A gana. Aquela vontade, não alheia e muito menos paralela, mas perpendicular, a rasgar tempos e espaços. Contaminada e suja pelo vermelho vivo da verdade - cor de coração - um foguete é ofertado ao céu em potência de explodir estrelas.

[On]
Estou tentando abrir um túnel na rocha bruta. Eu sei, sei que é penoso. Mas qual é a busca que em si mesma não traga sua pena?

[Off]
Bem sabia, experimentaria em fim em pleno a dor do mundo. Mas também seria por vezes tomada de um êxtase de prazer puro e legítimo que ela mal podia adivinhar. Aliás já estava adivinhando porque se sentiu sorrindo e também sentiu uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais e incontrolável.*

[On]
Não quero a esperança, aquela "puta do vestido verde" que acena, mas não se despe e muito menos de despede. Mas sim a fita vermelha no pescoço de um jovem despido que me lance às gargalhadas da janela de algum sétimo andar. Vê! Expus enfim a jugular. O rosto ao sopro do vento e a cara à tapa.

[On]
Estou tentando abrir um túnel na rocha bruta. Eu sei, sei que é penoso. Mas qual é a busca que em si mesma não traga sua pena?

[On]
Uma dança sobre um chão de madeira lustrado imprimindo os trancos. Sabe-se lá onde vai dar, mas que não seja Dentro, aquilo que não é espaço, não é concreto, é puro inferno num abstratoabstrato. Uma dança sem o tempo que são os ponteiros flechas cravados no peito, sem aquela linha [do tempo mecânico] que ao final é de fazer a forca. Olhar pra trás e ver só uma música, que eu compus em compasso ternário, interpretei, e dancei a passos firmes, ainda que em descompasso com esse mundo binário. Ser nota, ser pausa, voltar a ser nota. A repetição nunca é uma repetição. Em música, toda repetição é diferença. Aquela música, listen to my HeartBeat: e ele todo em hemorragia.

[On]
Estou tentando abrir um túnel na rocha bruta. Eu sei, sei que é penoso. Mas qual é a busca que em si mesma não traga sua pena?

[* trecho da Clarice L.]

2 Comentários:

Às 11:46 AM , Anonymous Anônimo disse...

Clarice fala bem das coisas neh.
=*
miti

 
Às 4:30 PM , Anonymous Anônimo disse...

Adoro seu espaço marira. Têm escrito bem mto bem. : )

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial