------- a coisa-em-mim -------

desaforismos. fábulas sem moral. egotrips. brainstorms.

segunda-feira, abril 30, 2007

fragmentos de um discurso.

i) Passarinhos verdes? Oh mas é claro que não! São aqueles corvos e urubus que acreditando ser eu um espantalho, ficam a me bicar a cabeça. Essas delicadas aves de filmes de terror trash reafirmando a minha sozinhês no meio desse milharal a que chamam cidade e suas gentes!

ii) Mas logo eu, uma pessoa tão legal! Como você pode fazer isso com você? Vem cá, vem, não fica assim. É difícil, mas você vai superar! És de fato um tolo, mas quem não é?
..
iii) Óculos não bastam. Os olhos deverão ser blindados e protegidos por cercas elétricas para uma maior segurança. Todos sabem muito bem que a entrada primeira é pelos olhos. Pois bem, os meus agora estão protegidos 24 horas. O alarme será um grito agudo e imenso nos ouvidos do impostor, um grito daqueles capazes de arrepiar os cabelos de deus.

iv) Exceção será aberta se e somente se encontrarmos alguém dotado de uma apurada sensibilidade shakesperiana, sendo capaz de fazer seguir a seguinte cena:
EU:
"Ei-lo! Alto lá! Mostrai quem sois!"
A pessoa se decente for, responderá sem hesitar: "Amigo do rei".
A partir daí, quem sabe um talvez.

v) No momento do Não, o que sempre acreditamos ser um câncer de cotovelo, 7 dias depois não passa de um tumorzinho benigno, capaz de ser extirpado com um simples cortador de unha, enquanto cortamos as unhas dos pés e refletimos sobre os mistérios da patafísica.

vi) É preciso ter vivência. Depois que enfiaram a faca e rodaram 77 vezes, seu hipocampo sentimental apaga os arquivos de áudio, de vídeo, de tato. Por sua vez, o hipocampo sentimental traz à tona memórias necessárias, daquelas que denigrem a imagem do criminoso. As gargalhadas são instantâneas. Você aproveita e diz, ainda no discurso shakesperiano: "Há algo de podre no reino da Dinamarca!"

vii) Deixar marcas que vão do roxo ao vermelho em peles brancas, esfregar um rosto bonito em uma parede de chapisco, abrir a boca de alguém em um meio-fio e pisar com força em sua cabeça - fabular ideais de violência e entrever coisas belas sendo destruídas, é altamente recomendável quando o corpo dá sinais de ganância e os pensamentos se enlanguescem.

viii) E cantar alto uma música do Morphine, pensando no Sandman que morreu de um ataque fulminante num palco da Itália sem ter encontrado a "Cure for Pain", aquele sax gritando desesperado a errância! E cantar enquanto tiro o pó dos livros da estante: Oh I'm free now/Free to look out the window/Free to live my story/Free to sing along Oh (x4)
.
ix) Amor, amar, amante, amado, e todas as variações performativas dessa patologia, é coisa para a-ma-do-res.
.
x) É preciso novamente olhar nos olhos de um búfalo.

1 Comentários:

Às 9:44 PM , Blogger Ana C. Bahia disse...

e salve, salve o búfalo!
absurdamente necessário.

 

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