------- a coisa-em-mim -------

desaforismos. fábulas sem moral. egotrips. brainstorms.

terça-feira, maio 08, 2007

parábola.

Há muitos e muitos anos, como de costume, Maria foi dormir transcendental, e como que por milagre, certo dia acordou empírica. Não sabendo quanto tempo duraria a farra de se ver liberta dos grilhões de sua própria subjetividade, como uma mulher sem classe nem categoria, tratou logo de encontrar-se com José, que por bom comportamento na estória em que era narrado, acabara de ser promovido de sujeito proposicional, a sujeito histórico-cultural. Enquanto gozavam livres, lépidos e faceiros da (e na) sua tão sonhada imanência, antes mesmo do cigarro pós-coito, aconteceu como de praxe, o pior:
Maria foi presa e acusada de cometer realismo ingênuo, crime inafiançável após o decreto de 1781. José enlouquecido pela perda de Maria, cindido e desenraízado da história em que acabara de ser admitido, foi imediatamente internado, o diagnóstico era a própria crise do sujeito, epidemia que se alastraria fatal e incurável ao longo daqueles
tempos modernos.

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