------- a coisa-em-mim -------

desaforismos. fábulas sem moral. egotrips. brainstorms.

terça-feira, agosto 14, 2007

juan.

talvez porque desde o início me des-parti, me juntei, reuni os timbres em uníssono com as tantas vozes minhas. talvez porque tomei distância, e não me vi de cima, me vi comigo EM CIMA, olhando lá longe o espaço vazio que pausei. não me vi acenando ébria pra mim sóbria como eu-ela-faz-faço sempre. eu que dessa vez me dissolvi em mim e me esqueci, estive mais e melhor com o outro, que brilhou e cresceu tanto, e tão mais que todas as outras vezes. e esse outro, que não o outro de mim, mas que por fora e de bem longe veio, descosturou ponto-por-ponto do meu vestido de palavras, me deixando na nudez de corpo e de silêncio, enquanto uma língua de carne calava com sua altivez a língua estranha de dois estrangeiros. uma língua que roçava outra língua, e que gerava a linguagem comum na saliva, era como engolir as palavras do outro e de pronto entender sem verbalizar. e agora de volta à "dramática da língua portuguesa", à exigência cotidiana de sentido, eu sem tocar a referência que desejo, ainda guardo na boca o gosto do sem-nome. quero de novo catar as palavras cadentes desse céu distante, queimando as mãos num peito-aberto-incandescente, e assim habitar sua constelação.