eu gritava aqui do imenso mas o grito que me abria a garganta e me fulminava, no final não passava de um ruído mínimo, desfeito. então eu resolvi sair do imenso e ir pro menor, casulo/casca/redoma onde só cabia eu. então eu gritava aqui do menor mas o grito que me abria a garganta e me fulminava voltava pra dentro porque o ouvido era só meu. então eu resolvi sair do menor e ir lá pro meio, pátio/ponte/rua, onde havia as gentes com a indistinção e eu não entendia nada, aqueles ruídos, a turba cruzando os gritos e então eu resolvi parar de gritar, mas então de repente era como se fazer silêncio fosse conter o mundo na garganta, e então eu resolvi gritar mesmo que ninharia mesmo sem ouvidos, mesmo que o apelo fosse em vão no meio do caos. mas tem dia que não abre, a garganta, os ouvidos, nem o mundo abre, ele se recolhe se esconde e ninguém responde e ninguém vê.
e é como se eu gritasse novamente no imenso
como se não houvesse grito
nem eu
e
nem você
só o eco do nada
[que habita a casa do não
y del dolor]