------- a coisa-em-mim -------

desaforismos. fábulas sem moral. egotrips. brainstorms.

terça-feira, março 17, 2009

a morte

navegando ali no meio do barco, sozinho no meio do rio, o rio sozinho no meio do mundo
me vi sozinha no meio do barco no rio do mundo sozinho. no momento da sétima margem ouvi aquelas sereias cantando o mais proibido, cantando tudo o que não existe de tanto que É, o que não coube em mim até me ultrapassar, me escorrer pra fora e transbordar do barco. o rio turvo, violento, eu-era-eu-e-era-ele, tão fundo tão abissal. eu que sempre busquei perda de mim, não suportei, mesmo eu valor tão baixo, humanazinha que comete a hybris.
insuportável ser mais água que sangue
olho de águia
insuportável ver o horroroso na beleza
insuportável me ver tão malha fina
[o insuportável era um ponto azul que doía e doía tanto até fazer chorar]
viver em mim minha implosão
viver o caos sob a epiderme do que tange.
me afoguei em infinitas margens, não dava pé era tão fundo! com a corrente fui jogada na areia e sem ar voltei sem mim.
e por um fio, por um pingo, não caí do próprio mundo
que é beira.